domingo, 14 de março de 2010

10 ANOS DA "BOLHA DA INTERNET"

Quem vivenciou esse período, em 2000, sabe que o estouro da "bolha da internet" mudou o mercado de TI para sempre, e na realidade creio que fez um bem, porque acabou com uma euforia desenfreada, que fazia com que muito empreendedores perdessem dinheiro em "aventuras" que foi o que se tornou intertir na internet, como se costumava falar.

Roberto Marinho

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Eles sobreviveram ao estouro da bolha do mercado de internet no Brasil

Posted By Clayton Melo On 12 12America/Sao_Paulo março 12America/Sao_Paulo 2010 @ 18:51 In Negócios | No Comments
Eles sobreviveram ao estouro da bolha da internet
Nesta semana, completaram-se dez anos daquilo que se convencionou chamar de o “estouro da bolha”. É a expressão usada para se referir ao início da derrocada colossal da bolsa americana Nasdaq, que enterrou uma série de empresas ligadas à internet – as chamadas pontocom. Acabava ali o tempo do dinheiro fácil, dos investidores endinheirados dispostos a tudo. Acabava ali a era da inocência digital.
Quem sobreviveu à tempestade e continuou a comandar projetos na área de internet, nunca mais olhou para seus negócios da mesma maneira.
Índio Brasileiro Guerra Neto, sócio-diretor de várias empresas digitais, como I-Group Treinamento e Consultoria e FirstCom Comunicação, é um deles. Na época da bolha, ele era diretor-geral da StarMedia, uma das estrelas do começo da internet –o fundador da empresa, o uruguaio Fernando Espuelas, era visto como um dos candidatos a geniozinhos do mundo digital.
“Foi um tempo maluco e muito tenso”, relembra. “O cenário era de grandes investimentos, porque os investidores e os empreendedores enxergaram um mercado novo. E ninguém estava errado ao pensar assim. O que estava errado eram os modelos de negócios, ou o timing de muitos deles”, avalia.
Modelo de negócios
No que se refere aos grandes portais, analisa Guerra Neto, o modelo desenhado para a sustentação do negócio estava baseado na receita obtida com assinatura por acesso, publicidade e comércio eletrônico. Nesse grupo se encaixam empresas como UOL e Terra. Em outros, excluía-se o acesso do tripé de receitas, mantendo-se a propaganda e o varejo online. É o caso da StarMedia. Para ela e outras companhias que adotavam o mesmo sistema, a audiência era vista como o motor para atrair publicidade online.
Trata-se de um modelo que permanece até hoje, embora com o acréscimo de outras nuances, como a venda de serviços agregados (segurança, email especial, gestão, cursos e treinamentos etc). Resumo da ópera: a conta não fechava no final do mês. E, com a quebra da Nasdaq, muitos investidores recuaram e houve empresas que não tiveram fôlego para superar a turbulência.
E por que a StarMedia naufragou? “A empresa tinha dinheiro para criar uma infraestrutura e oferecer acesso. Mas optou por outro caminho por uma questão de estratégia. Afinal, a internet crescia rapidamente e fazia sentido imaginar que a publicidade decolaria”, avalia.
“A fragilidade desse modelo é que o mercado não estava maduro para a publicidade online”, afirma.
Para Guerra Neto, havia outra agravante. Como se tratava não só de um mercado, mas também de empresas novas, portais, provedores e sites iniciaram uma corrida à mídia para construir suas marcas. Assim, destinaram verbas altíssimas para publicidade, que se somavam a investimentos elevados para manter sua operação.
Ele era um executivo trintão na época. “Veja você: hoje tenho 46 anos e posso me considerar um dinossauro da internet, assim como outros que participaram daquele período – são pessoas que têm a mesma idade que eu ou são mais novas. Mas, naquela época, referir-se a alguém como dinossauro em alguma profissão era para alguém com 70 anos”, afirma.
Novatos
A questão da juventude é ainda mais notória no caso de Alexandre Canatella, 36 anos, sócio da e-Mídia, grupo que controla os sites CyberCook (fundado em 1998), CyberDiet (2000) e Via Mulher.
Sua experiência na internet começou quando foi contratado para ser diretor do CyberCook, que já fazia relativo sucesso como um site de gastronomia. Tinha na ocasião 24 anos. Canatella não sabia muita coisa de internet muito menos de gestão de negócios naquela época.
Hoje, o CyberCook parte de uma empresa mantida por grupos investidores – ele é um dos sócios como pessoa física. Mas, ao contrário de outros projetos típicos da bolha – bem-sucedidos ou não -, o site começou por acaso, quando um jovem programador criou um site para que seus amigos tivessem acesso a receitas culinárias retiradas “desses caderninhos que existem em todas as casas”. “Mas a coisa deu certo, conquistou audiência. Acho que essa foi um dos fatores que fizeram o CyberCook sobreviver à bolha: ele nasceu com uma base real, tinha audiência e um serviço. Não foi criado no meio da euforia para apresentar a um investidor”, avalia.
Há outra diferença fundamental: em 1998, o UOL havia adquirido parte do negócio, o que representou segurança financeira e melhoria na gestão do negócio. “Mal sabíamos o que era um plano de negócios. A questão é que a empresa já era lucrativa, embora com um faturamento pequeno. O apoio do UOL reforçou nossa operação”, diz, observando que hoje o provedor não é mais sócio da empresa. A base de sustentação da empresa era a venda de publicidade.
Ao analisar o efeito do estouro da bolha, Canatella avalia que, apesar dos estragos, o terremoto digital teve seus aspectos positivos, como o amadurecimento dos jovens empreendedores. “Não houve vencedores e vencidos. O que ficou é o legado de uma geração que conseguiu empreender no nascente mercado digital”, afirma Canatella.
Nesta semana, completaram-se dez anos daquilo que se convencionou chamar de o “estouro da bolha” de internet. É a expressão usada como referência para o início da derrocada colossal da bolsa americana de tecnologia Nasdaq, que enterrou uma série de empresas ligadas ao digital – as chamadas pontocom. Acabava ali o tempo do dinheiro fácil, dos investidores endinheirados dispostos a tudo. Acabava ali a era da inocência digital.
Nasdaq
Quebra na Nasdaq  deixou lições
Quem sobreviveu à tempestade e continuou a comandar projetos na área de internet, nunca mais olhou para seus negócios da mesma maneira.
Índio Brasileiro Guerra Neto, sócio-diretor de várias empresas digitais, como I-Group Treinamento e Consultoria e FirstCom Comunicação, é um deles. Na época da bolha, ele era diretor-geral da StarMedia, uma das estrelas do começo da internet –o fundador da empresa, o uruguaio Fernando Espuelas, era visto como um dos candidatos a geniozinhos do mundo digital.
“Foi um tempo maluco e muito tenso”, relembra. “O cenário era de grandes investimentos, porque os investidores e os empreendedores enxergaram um mercado novo. E ninguém estava errado ao pensar assim. O que estava errado eram os modelos de negócios, ou o timing de muitos deles”, avalia.
Modelo de negócios
No que se refere aos grandes portais, analisa Guerra Neto, o modelo desenhado para a sustentação do negócio estava baseado na receita obtida com assinatura por acesso, publicidade e comércio eletrônico. Nesse grupo se encaixam empresas como AOL, nos EUA, e UOL e Terra, no Brasil. Em outro, estavam companhias cujo projeto excluía o acesso do tripé de receitas, mantendo-se a propaganda e o varejo online. É o caso da StarMedia. Para ela e outras companhias que adotavam o mesmo sistema, a audiência era vista como o motor para atrair publicidade online.
Trata-se de um modelo que permanece até hoje, embora com o acréscimo de outras nuances, como a venda de serviços agregados (segurança, email especial, gestão, cursos e treinamentos etc). E, com a quebra da Nasdaq, muitos investidores se mandaram para Pasárgada e houve empresas que não tiveram fôlego para superar a turbulência.
E por que a StarMedia naufragou? “A empresa tinha dinheiro para criar uma infraestrutura e oferecer acesso. Mas optou por outro caminho por uma questão de estratégia. Afinal, a internet crescia rapidamente e fazia sentido imaginar que a publicidade decolaria”, avalia.
“A fragilidade desse modelo é que o mercado não estava maduro para a publicidade online”, afirma.
Para Guerra Neto, havia outra agravante. Como se tratava não só de um mercado, mas também de empresas novas, portais, provedores e sites iniciaram uma corrida à mídia para construir suas marcas. Assim, destinaram verbas altíssimas para publicidade, que se somavam a investimentos elevados para manter sua operação. Resumo da ópera: a conta não fechava no final do mês.
Experiências
Um dos diretores responsáveis pelo lançamento do UOL, em 1996, Guerra Neto era um executivo trintão na época da bolha [1]. “Veja você: hoje tenho 46 anos e posso me considerar um dinossauro da internet, assim como outros que participaram daquele período – são pessoas que têm a mesma idade que eu ou são mais novas. Mas, naquela época, referir-se a alguém como dinossauro em alguma profissão era para alguém com 70 anos. A internet comercial começou com uma geração muito nova”, afirma.
Nasda3Empreendedores hoje são “dinossauros” da web
A questão da juventude é ainda mais notória no caso de Alexandre Canatella, 36 anos, sócio da e-Mídia, grupo que controla os sites CyberCook (fundado em 1997), CyberDiet (2000) e Via Mulher.
Sua experiência na internet começou quando foi contratado para ser diretor do CyberCook, que já fazia relativo sucesso como um site de gastronomia. Tinha na ocasião 24 anos. Canatella não sabia muita coisa de internet muito menos de gestão de negócios naquela época.
Hoje, o CyberCook é parte de uma companhia mantida por grupos investidores – ele é um dos sócios na condição de pessoa física. Mas, ao contrário de outros projetos típicos da bolha – bem-sucedidos ou não -, a empresa começou por acaso, quando um jovem programador, Luiz Lapetina, criou um site para que seus amigos tivessem acesso a receitas culinárias retiradas “desses caderninhos que existem em todas as casas”, recorda Canatella.
“Mas a coisa deu certo, conquistou audiência. Acho que essa foi um dos fatores que fizeram o CyberCook sobreviver à bolha: ele nasceu com uma base real, tinha audiência e um serviço. Não foi criado no meio da euforia para apresentar a um investidor”, avalia.
Há outra diferença fundamental: em 1998, o UOL havia adquirido parte do negócio, o que representou segurança financeira e melhoria na gestão do negócio. “Mal sabíamos o que era um plano de negócios. A questão é que a empresa já era lucrativa, embora com um faturamento pequeno. O apoio do UOL reforçou nossa operação”, diz, observando que hoje o provedor não é mais sócio da empresa. A base de sustentação do site era a venda de publicidade.
Ao analisar o efeito do estouro da bolha [2], Canatella avalia que, apesar dos estragos, o terremoto digital teve seus aspectos positivos, como o amadurecimento dos jovens empreendedores. “Não houve vencedores e vencidos. O que ficou é o legado de uma geração que conseguiu empreender no nascente mercado digital”, afirma Canatella.
Outro nome de destaque dessa geração é Edson Romão, hoje diretor do Dnit/Viajobem. Ele foi um dos fundadores do HpG, empresa de hospedagem de sites famosa no final da década de 1990 e que foi comprada pelo iG em 2001, que tinha o publicitário Nizan Guanaes como um dos sócios na ocasião. O HpG chegou a ocupar o terceiro lugar no ranking de audiência da internet.
Nasdaq2Bolha foi a corrida do ouro digital
“Foi uma ‘corrida do ouro’. Experimentamos a liderança e o prestígio no mercado, no qual todas as portas [3] abriam-se aos executivos de internet, em todos os setores da economia”, afirma, em relação aos tempos áureos que antecederam a quebra da Nasdaq.
“Além de trazer grandes inovações tecnológicas, essa passagem trouxe uma vivência sem par para os executivos de internet, que puderam desfrutar de muito crédito e recursos para desenvolver negócios”, diz.
“A  bolha da internet foi o maior laboratório de empreendedorismo da história da economia contemporânea. Era preciso contratar, treinar, decidir, criar, vender e aprender a ser grande em pouco tempo. Isso ficou como uma grande lição para quem viveu aquela época”, afirma Romão.


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[2] estouro da bolha: http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/09/30/internet-brasileira-volta-a-ser-tema-de-grandes-negocios-diz-mandic/
[3] portas: http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2009/06/04/o-que-aconteceu-com-a-geladeira-com-conexao-a-internet/

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